terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Mapa Conceitual

Estudar a nossa língua, suas variedades e a possibilidade de conhecer o seu povo através da linguagem é fascinante. Este curso veio desconstruir o caminho que normalmente trilhava nas aulas de português, em que privilegiava o 'domínio' das regras preconizadas pela gramática, pois achava que era o correto e que para o aluno escrever e falar bem só aconteceria desta forma. Segundo Neves (2006) inspirada em Coseriu "falar e escrever bem tem um tríplice significado: exercer sem bloqueios a capacidade natural de falante da língua; ter o domínio da língua particular - historicamente inserida - em que se vazam os enunciados; atuar linguisticamente de modo eficiente".
No processo de interação com os nossos alunos respeitar o seu universo e mais uma vez descontruir a noção de certo e errado, trocar por aceitável e não-aceitável, convencional e não convencional. "Em vez de criticar, ridicularizar, devemos nos conscientizar das circunstâncias que levaram uma pessoa a produzir um determinado texto."
A atualização de conceitos como tipos e gêneros textuais e o contato com teóricos importantes para o estudo da língua que até então desconhecia me mostraram que a valorização do profissional perpassa cursos como este de aperfeiçoamento e nos estimulam a continuar a estudar, estudar, pesquisar e pesquisar.
Compartilhar com as pessoas, com os profissionais histórias, angústias, alegrias e experiências foi uma das mais ricas contribuições deste curso. Aprendi muito com minhas colegas professoras, fiz novas amigas e intensifiquei amizades mais antigas.
"Quem é belo
é belo aos olhos - e basta
Mas quem é bom
é subitamente belo."
(Safo de Lesbos, poeta grego do final do século VII a.C.)




segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

As diversas leituras de um texto
No dia 13 de novembro a professora Luzia nos apresentou uma série de livros sobre a infância de artistas das diversas áreas, música, pintura, literatura que compõe uma coleção intitulada "Coleção crianças famosas", lendo para nós a história da criança Leonardo da Vinci. Uma leitura interessante e curiosa. Trouxe-nos, ainda, o conceito de posto - aquilo que está explícito, claro no texto, pressuposto - não diz diretamente, dá uma idéia e de subtendido que é a leitura que cada um faz do texto. Estes conceitos foram trabalhados na música E.C.T. de Nando Reis, Marisa Monte e Carlinhos Brown. Um texto que gerou análises e leituras específicas, além de deixar claro a presença da polifonia.
No dia 20 de novembro fizemos uma dinâmica que consiste na resposta a algumas perguntas, que quando agrupadas produziriam uma narrativa. A sala seria dividida em grupos e responderiam as seguintes questões: a) O que aconteceu? b) Onde aconteceu? c) Quando aconteceu? d) Quem foram os envolvidos? e e) Qual foi o desfecho da história?
As respostas foram separadas numa caixinha por item e logo em seguida um componente dos grupos pegaria aleatoriamente as respostas para cada uma das questões acima e montaria a sua história.
É importante lembrar que a escolha do tema terá que perpassar todas histórias.

domingo, 9 de novembro de 2008

Produções textuais - socialização

Dia 06 de novembro, compartilhada a leitura do conto 'A caolha', Júlia Lopes de Almeida. A descrição da personagem da caolha e da estrutura familiar é envolvente, provoca um sentimento de tristeza, resignação e de certa forma apresenta um determinismo, viúva, pobre, discriminada. A professora Lourbania leu para nós algumas produções dos seus alunos da 4ª série. A atividade proposta foi a criação do 'meu primeiro cordel'. Criativo e interessante o trabalho desenvolvido pela professora, tanto que a resposta positiva dessa atividade suscitou uma discussão a respeito da diminuição da leitura a medida que aluno vai avançando nas séries. Ela apresentou, ainda, contribuições muito ricas em relação à atividade de literatura, como a produção de um texto publicitário a respeito do livro, buscando o convencimento de outros leitores para a leitura da obra e uma outra produção em que o aluno expressa seus sentimentos ao ler um livro.
Um outro momento foi a socialização das atividades de produção de texto apresentadas pelas professoras Claudia e Ana Rita. No relato ficou evidenciada a importância do trabalho em conjunto das professoras (interdisciplinaridade).
O último momento da aula foi a análise dos elementos coesivos do texto 'Os urubus e os sabiás' , Rubem Alves.

sábado, 8 de novembro de 2008

Fatores de textualidade

Iniciamos a aula do dia 30 de outubro com a leitura da crônica "Receita da vida", Afonso Romano, lida pela professora Tamar. O que é um texto? Para ser texto, é necessário que seja algo que transmita um pensamento ou uma informação completa, o qual se concretiza através do discurso que pode ser verbal, oral ou escrito, e não-verbal, gestos, imagens ....
O texto é uma unidade de linguagem em uso, semântica e formal. E como uma ocorrência linguística falada ou escrita deve apresentar três propriedades básicas. A primeira é sua função sociocomunicativa, tais como as intenções do autor, o contexto sociocultural, a segunda propriedade é o fato de constituir-se como uma unidade semântica, em que o texto seja um todo significativo, ter coerência e a terceira propriedade é a sua unidade formal, as palavras se integram para formar um todo coeso.
Gostaría de ressaltar um fato importante a respeito da coerência textual que "é o de que ela não está no texto, mas se constrói a partir do texto. Lembremo-nos de que a construção do sentido vai envolver o autor, que detém experiências de vida e que criou o texto em determinada situação e com um propósito, e o leitor, que também possui experiências prévias e que vai viver a situaçaõ de receber o texto em situação e tempo diferentes dos da produção" (Fascículo 3, p.19).
Coerência, coesaõ, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade são fatores que definem a textualidade.
  • Coerência: responsável pela unidade semântica, pelo sentido do texto, envolvendo não só aspectos lógicos e semânticos, mas também cognitivos.
  • Coesão: unidade formal do texto, que se dá por mecanismos gramaticais e lexicais.
  • intencionalidade: empenho do autor em construir um texto coerente, coeso, e que atinja o objetivo que ele tem em mente. Isso diz respeito ao valor ilocutório, ou seja, o que o texto pretende falar.
  • aceitabilidade: é a expectativa do leitor de que o texto tenha coerência e coesão, além de ser útil e relevante. Grice (apud Costa Val. 1991) estabelece estratégias para o autor alcançar aceitabilidade: cooperação (para autor responder às necessidades do recebedor), qualidade (autencidade) e quantidade (informatividade).
  • situacionalidade: diz respeito à pertinência e à relevância do texto no contexto. Situar o texto é adequá-lo à situação sociocomunicativa.
  • informatividade: quanto menos previsível se apresentar o texto, mais informatividade. Tanto a falta quanto o excesso de previsibilidade, de informatividade, são prejudiciais à aceitação do texto por parte do leitor. Um bom índice de informatividade atende à suficiência de dados.
  • intertextualidade: concerne aos fatores que ligam a utilização de um texto dependente do conhecimento de outro(s) texto(s). Um texto constrói-se em cima do "já-dito".

Contexto

A produção e a recepção de um texto condicionam-se à situação ou à ambiência, ou seja, ao conhecimento circunstancial ou ambiental que motivam os signos e a ambiência em que se inserem, gerando um texto cuja coerência e unidade são sucitados diretamente pelo referente. Percebido em duas dimensões: - a leitura de superfície é percebida pelos elementos do enunciado, organizado hierarquicamente; e a estrutura de profundidade é a interpretação semântica das relações sintáticas, permitindo vasculhar o ânimo do autor.

Para melhor entendimento do valor do texto na prática pedagógica foi-nos apresentado um breve histórico da língua. Até os anos 70 privilegiava-se a estrutura, a unidade de análise era a morfologia/estrutural trabalhada isoladamente, fora de um contexto. Nos anos 80 estudava-se a língua numa perspectiva de comunicação e expressão, a unidade de análise era sentenças, sintaxe e nesse momento já se trabalhava textos. Hoje a língua é estudada numa visão interacionista, sociointeracionista, a unidade de análise é o texto/discurso imerso em um contexto, o que pressupõe um grau de letramento. Nesse contexto aparece a figura do professor-pesquisador.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Entendendo o erro ortográfico

Extraordinariamente nossa aula de quinta-feira foi transferida para esta terça, dia 21 de outubro. Nossa socialização ficou por conta de um delicioso café da manhã, um momento importante para nossa integração e aproximação. Foi muito legal. Fomos todas lembradas e homenageadas com um texto trazido pelas nossas tutoras, professoras Tamar e Luzia.
"1. Professora de português não nasce; deriva-se.
2. Professora de português não cresce; vive gradações. (...)
3. Professora de português não tem passado; tem pretérito mais-que-perfeito. (...)
32. Professora de português não erra; recorre à licença poética."
Logo depois fizemos um ditado de palavras que não existem. Com esse ditado nos foi possível tirar algumas conclusões. Primeiro ficou evidenciado a questão auditiva, pois algumas letras têm sons muito próximos. Só para exemplificar tivemos uma palavra em que alguns ouviram pa outros fa. Um outro aspecto foi a não correspondência entre sons e letras e, por último, que a questão da ortografia está intimamente relacionada com a memorização. É claro que existem regras, mas a ortografia de algumas palavras você consegue saber por já ter tido contado com elas antes.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Textos visuais

No dia 09 de outubro atendendo a uma agenda organizada pelo curso em relação às atividades dos Módulos 7 e 8, eu e a professora Lucilene fizemos a socialização de algumas atividades selecionadas nos referidos módulos e aplicadas nas nossas salas de aula.
A professora Tamar fez a leitura do texto "Aquilo", Ricardo Azevedo definido como um texto aberto que permite a cada leitor dependendo das suas referências históricas, sociais e culturais identificar o que seria aquilo. E, ainda, fizemos a leitura de alguns textos visuais que passa por alguns momentos como da decodificação, das inferências, antecipação, seleção e checagem.
Completando a atividade fez a leitura de outros textos para que no primeiro colocássemos um título e no segundo completássemos os espaços com uma única palavra. Todos os exercícios de leitura intimamente relacionados ao grau de letramento do leitor.

Pesquisa linguística

No dia 02 de outubro a professora Liliane leu para a turma uma crônica produzida por um de seus alunos do 1º ano. Foi interessante perceber a habilidade da escrita apresentada pelo aluno.
Fizemos a leitura e estudo do texto 'Os passos da pesquisa linguística' que resumidamente se apresenta da seguinte forma: o 1º passo da pesquisa uma abordagem tradicional do fenômeno. É interessante que a abordagem normativo-prescritiva seja recolhida em mais de uma fonte, para que fique claro que não há unanimidade na análise e interpretação dos fenômenos gramaticais. O 2º passo será a investigação do fenômeno numa perspectiva histórica. A norma-padrão clássica do português foi fixada em Portugal a partir do século XVI e é impossível que aquele conjunto de normas do 'bem falar' e do 'bem escrever' correspondam de fato à realidade linguística contemporânea, seja brasileira, seja portuguesa. O 3º passo seria a investigação da língua viva, falada e escrita. Quando determinadas regras gramaticais se estabelecem na fala e na escrita das camadas cultas da população é porque elas já não são mais consideradas como 'erros'. A expressão 'erro comum' constitui, do ponto de vista linguístico, uma contradição em termos: se é comum, não pode ser qualificado de erro, mas simplesmente de uso comum. O 4º passo seria a explicação das mudanças ocorridas na língua viva. "... a simples elaboração de hipóteses, de tentativas de explicação, é suficiente para mostrar que existem outros pontos de vista além do tradicional, capazes de apresentar os fenômenos linguísticos sob uma perspectiva diferente, mas científica e menos preconceituosa do que o rótulo de 'erro' securlamente aplicado a qualquer manifestação linguística não contemplada nas gramáticas normativas [...]"E o 5º passo que nos permitem criticar e reformular a abordagem tradicional. É preciso conhecer e ao conhecer irá saber usá-la. Um exercício de análise e reflexão crítica, não só da língua, mas de todos os demais campos do conhecimento. (BAGNO, Marcos, STUBBS, Michael e GAGNÉ, Gilles. Lingua Materna - Letramento, Variação & ensino. São Paulo: Parábola Editora. 2002. p.61 a 70)
No dia 11 de setembro a professora Claudia nos proporcionou um momento de encantamento ao fazer a leitura do Diário de bordo, além de nos colocar em contato com um texto da atriz Fernanda Montenegro "Doras e Carmosinas" personagens do filme 'Central do Brasil'.
"Ao trabalhar o mundo da professora Dora, em Central do Brasil, fui buscar na memória minhas primeiras professoras. Credenciadas, respeitadas, prestigiadas, professoras de escolas públicas que frequentei, no subúrbio do Rio de Janeiro.
Me lembro com muito carinho da dona Carmosina Campos de Menezes, que me alfabetizou. Mais do que isso, me ensinou a ler, o que é um degrau acima da alfabetização. (...)"
Logo depois, assistimos ao filme Desmundo, um recorte da colonização portuguesa, uma crítica à dominação religiosa e à aculturação feita por meio da violência. O filme foi exibido num português arcaico servindo de estudo para a construção da língua.

Análise do livro didático

No dia 28 de agosto a principal atividade foi a análise do livro didático. Trouxemos os livros adotados nas escolas nas quais trabalhamos, um universo de 5ª até o 2º grau. Alguns aspectos devem ser observados nesta análise, descrito dessa maneira:

  1. Tipos e gêneros textuais que aparecem no livro.
  2. Atividades - leitura; escrita; oralidade
  3. Intertextualidade - apresenta sugestões de leituras, filmes, canções que fazem intertexto com o tema trabalhado.
  4. Aspectos linguísticos - como a gramática é abordada? - Variação linguística.

Ainda nesta aula trabalhamos, especificamente, com o texto multimodal onde as imagens desempenham o mesmo papel que a escrita. Quando o texto - a charge, o quadrinho, a tira, a tabela etc. - emprega a linguagem escrita e visual, a compreensão integral do texto só acontecerá com o cruzamento das duas linguagem.

Para concluir a leitura do Fascículo 2 fizemos um exercício de listar as especificidades dos gêneros textuais e tipos textuais.

Gêneros textuais: - orientado para um fim específico; - número amplo; - formato estável e histórico.

Tipos textuais: - previsão na escolha do léxico e sintaxe; - base na estruturação linguística; - número restrito e estático.

Tipos e gêneros discursivos

No retorno do recesso, dia 31 de julho, iniciamos a aula com a leitura compartilhada trazida pela professora Tamar "Um amigo diferente", Claudia Werneck. Falamos sobre a diversidade, e o quanto crescemos como pessoas e cidadãos no convívio com as diferenças. Ser igual não é ser idêntico, ao contrário, somos semelhantes, embora diversos. O poema de Carlos Drummond de Andrade "Igual-Desigual" traz a reflexão sobre essa qualidade apenas do ser humano de ser único e, por isso, especial, ímpar "...Todas as guerras do mundo são / iguais / Todas as fomes são iguais / ... Todas as ações, cruéis, / piedosas ou indiferentes, são iguais. / Contudo, o homem não é igual a / nenhum outro homem, bicho ou coisa. / Ninguém é igual a ninguém. / Todo ser humano é um estranho / ímpar."
Foi nos apresentado algumas dinâmicas, a primeira foi a dos nós, a qual exercitava a oralidade, o saber ouvir, o estabelecimento de estratégias, o planejamento. Uma outra dinâmica bem interessante e com certeza os alunos iriam gostar muito é a seguinte: pregar uma folha branca nas costas da pessoa, colocar uma música, pedir para que se movimente e ao parar a música a pessoa escreveria no papel pregado nas costas da outra num primeiro momento um substantivo, depois um adjetivo e por último um verbo. A culminância dessa dinâmica seria a produção de um texto utilizando as palavras escritas no papel que estava pregado às suas costas. Fizemos outras mais bem interessantes de serem aplicadas numa turma.
No dia 07 de agosto estudamos as especificidades dos gêneros e tipos discursivos. Segundo Bakhtin todos os textos que produzimos, orais ou escritos, apresentam um conjunto de características relativamente estáveis configurando diferentes tipos textuais definidos por critérios formais ou estruturais e podem ser apresentados em cinco categorias - narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. Enquanto o gênero é mais abrangente. A escolha de um gênero não é completamente espontânea, pois leva em consideração alguns elementos básicos como quem está falando, para quem se está falando, qual a finalidade e qual é o assunto do texto. Os gêneros textuais transformam-se em instrumentos de ação social.
Quanto mais diversificado for o trabalho do professor com gêneros , mais facilidade terá o aluno para se situar na produção do gênero adequado. Nesta aula trabalhamos com diversos gêneros como a bula, uma lista de compras, um manual de instrução e, ainda, alguns gêneros textuais emergentes - o e-mail, os chats, o MSN que possuem características específicas. "Para identificar a diversidade de gêneros textuais não é necessário conhecer uma classificação prévia, basta saber exercitar nossa competência sociocomunicativa, nossa experiência com a linguagem e nosso conhecimento de mundo."(Fasc. 2, p.17)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

"Letramento: Você Pratica?"

26 de junho
"O homem habita poeticamente na terra, mas também prosaicamente e se a prosa não existisse, não poderíamos desfrutar da poesia" Holderling
Começamos a aula com uma prazerosa dinâmica dos 'poemas enlatados'. Lemos e analisamos um trabalho intitulado 'Letramento: Você Pratica?' O termo letramento é relativamente novo e vem atender a uma demanda de mudanças no que diz respeito a leitura e a escrita, 'não basta apenas o saber ler e escrever, necessário é saber fazer uso do ler e do escrever. Alfabetização significa a aquisição da escrita por um indivíduo ou um grupo; letramento "focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade". Para exemplificar o termo letramento foi citado o livro "Letramento: um tema em três gêneros" de Magda Soares quando diz que um adulto pode ser analfabeto, no entanto, pode ser letrado, ou seja, ele não aprendeu a ler e escrever, todavia, utiliza a escrita para escrever uma carta através de um escriba. Um outro exemplo é "de uma criança que mesmo antes de estar em contato com a escolarização, e que não saiba ainda ler e escrever, porém, tem contato com livros, revistas, ouve histórias lidas por pessoas alfabetizadas, presencia a prática de leitura, ou de escrita, e a partir daí também se interessa por ler, mesmo que seja só encenação, criando seus próprios textos 'lidos', ela também pode ser considerada letrada".
É importante que o professor assuma o papel de "professor-letrador" em sua sala de aula.

Variedades linguísticas

No dia 12 de junho continuamos o estudo das variedades linguísticas. "... é praticamente impossível falar sobre a 'língua', de modo geral e abstrato: é preciso sempre levar em consideração as pessoas que falam essa língua, pessoas sempre e inevitavelmente inseridas em grupos sociais e, portanto, sujeitas a tudo o que tem a ver com relações de poder, herança cultural, acesso a bens materiais, aos direitos dos cidadãos etc." A linguagem como forma de comunicação estabelecida através do código, a língua - um construto social - determina ou situa o falante numa categoria de prestígio, relacionada a maior grau de letramento ou de estigma, que significa menor grau de letramento. "... quanto mais alto estiver o cidadão na escala socioeconômica (e também quanto mais elevado for o seu grau de escolarização), maior será o prestígio atribuído à sua maneira de falar. Do mesmo modo, e inversamente, o menor prestígio social de determinados falantes vai ser correlato da visão pejorativa e depreciativa com que seu modo de falar será avaliado." (Fascículo 5, p.15) Essa avaliação social resultante do uso da linguagem provoca uma atitude discriminatória, que resulta no preconceito linguístico que exclui aquele "que não sabe falar" relacionando cruelmente essa afirmativa a idéia de que o falante também não sabe pensar direito.
O estudo da variedade linguística fundamenta o conceito da língua como "um feixe de variedades", formas diferentes de falar e que do "ponto de vista estritamente linguístico, todos esses modos de falar, todas essas variedades, atendem perfeitamente às necessidades de comunicação e interação de seus falantes".
Dia 18 de junho tivemos uma convidada muito especial, nossa colega de curso, professora Liliane Jaqueline G. Ribeiro que falou sobre 'o papel da fonética e da fonologia no ensino da língua'. Gostaría de registrar uma citação da autora Miriam Lemle "O momento crucial de toda a sequência da vida escolar é o momento da alfabetização" retirado do estudo/'paper' elaborado pela professora Liliane.
Para mim foi importante a distinção conceitual entre Fonética e Fonologia, a primeira lida com a realidade física dos sons, seu papel é descrever todos os sons pronunciados nas línguas, é uma ciência que tem como objeto de pesquisa o som, enquanto a Fonologia tem como propósito estudar como a língua se organiza, o que é fonema e o que é alofone nas línguas. Ao final deste estudo Liliane apresenta alguns pontos destacados da obra Alfabetização e linguística do professor Cagliari e gostaría de partilhar os seguintes:
  • "É preciso não corrigir demais as crianças: deve-se dar tempo para que aprendam e incentivar a autocorreção, a autocrítica. Quanto mais se tenta facilitar, orientar e corrigir tudo o que a criança faz, menos ela reflete sobre sua ação.
  • Antes de ensinar a escrever , é preciso saber o que os alunos esperam da escrita, qual julgam ser sua utilidade e, a partir daí, programar as atividades.

Encontro com os escritores

"O grande encontro", Jonas Ribeiro e André Neves. Antes da apresentação dos escritores foi exibido o filme "A ilha das flores" e o monólogo "O menestrel" W. Sheaskpeare.
O escritor Jonas Ribeiro contou algumas histórias de seus livros 'abrindo a caixa de lenços', suscitando a emoção e passando alguns conceitos ou práticas como por exemplo 'um dia por vez'.
"Heranças da Leitura" encontro entre Léo Cunha e Maria Antonieta. Desse encontro pudemos observar a importância da família na construção do leitor.
No dia 25/09 participamos do encontro entre Lucilia Garcez e Margarida Patriota. "O Manejo da Palavra na Leitura e na Escrita".
"A linguagem é a semiotização da vida", linguagem é vida e vida é linguagem foi como o mediador do encontro, o escritor João Bosco da Casa dos autores, iniciou os trabalhos. Destaquei algumas falas das escritoras como a questão do texto que segundo a autora Lucília Garcez é o eixo do ensino da língua portuguesa. Com a democratização do ensino coube à escola a responsabilidade de desenvolver a oralidade, a leitura num universo em que cada indivíduo tem uma bagagem, uma história de vida.
Segundo Margarida Patriota quem lê tem vocabulário mais rico, tem mais referências. A leitura desenvolve a linguagem, a internalização da estrutura da língua e aliada à prática da escrita ajuda a desenvolver habilidades da escrita.
A referência a alguns pontos como respeitar a fala do aluno, desenvolver a fala de cada um. A multiplicidade da língua e que existe um código explícito na escolha da variadade a ser usada e que ocorre situação semelhante na escrita, onde há também essa diversidade.
Literatura fonte inesgotável de prazer, é falar da vida, colocar o leitor com retalhos da vida e expressar sua emoção através de uma linguagem mais contundente, mais precisa que 'toca' mais.

Variação linguística

Dia 24 de abril iniciamos nossa aula com a leitura da crônica "O Gramático" de Humberto de Campos trazida pela minha amiga e professora Lucilene e como sempre uma interessante contribuição para a reflexão do funcionamento da linguagem. Uma das preocupações dos professores é o como no ensino da gramática.
Além das dificuldades enfrentadas pelo professor em sala de aula, somamos e debatemos a participação da família na formação integral do aluno, especificamente 'A família pós moderna'. Foi dividido em grupos para que argumentos 'a favor' e 'contra' fossem trabalhados.
Nas aulas dos dia 08 e 15 de maio estudamos o fascículo 5 'Variação Linguística', Marcos Bagno. Um primeiro exercício foi uma reflexão e percepção de como eu falo?

Compartilhamos a leitura de um texto que discute o "certo" e o "errado" na língua, apresenta a visão de alguns linguistas em relação aos gramáticos essencialmente normativistas, e ainda a questão dos estrangeirismos. Há um momento do texto que trata das 'efasias' entre "o normal e o páthos" (crítica aos modos diferentes de falar). E, por último, o estudo da língua por meio de variações sociais, regionais, individuais (dialeto, socialeto, ideoleto ...). Toda a discussão tem por objetivo valorizar o idioma com suas variedades observando os aspectos orais e escritos.
A professora Liliane compartilhou com a turma a leitura de um conto "Nóis mudemo" de Fidêncio Bogo que ilustra liricamente as consequências do preconceito linguístico.
O que é variação? "Formas diferentes de dizer a mesma coisa" A variação linguística está estreitamente relacionada com a variação social. "Cada grupo social apresenta uma cultura própria, um conjunto de crenças e valores que lhe são característicos, uma visão de mundo compartilhada por seus membros, um repertório de saberes e habilidades práticas e também, como não poderia deixar de ser, um modo próprio de falar sua língua materna." Os principais elementos que norteiam a pesquisa línguística de determinados grupos sociais são o status econômico, o grau de escolarização, a idade, a origem geográfica, o sexo, o mercado de trabalho e as redes sociais.
As pesquisas linguísticas feitas no Brasil, segundo o fascículo 5, "têm mostrado que o fator social de maior impacto sobre a variação linguística é o grau de escolarização, o qual, em nosso país, está muito ligado ao status socioeconômico: a escola de qualidade e a possiilidade de permanência mais prolongada no sistema educacional são bens sociais limitados às pessoas de renda econômica mais elevada".

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Texto e linguagem

Dia 17 de abril iniciamos a aula com a leitura da crônica 'O lixo', Luís Fernando Veríssimo.
O formato de um texto é definido pela situação comunicativa, daí a variedade de textos - gestual, corporal, escrito, imagens... No entanto não basta conhecer os significados linguísticos para ler ou entender um texto, é necessário um conhecimento, uma vivência da situação comunicada pelo texto.
Destacamos alguns 'problemas' do texto oral entre eles os marcadores da fala - entendeu?; daí; então; né...
O texto definido como uma unidade comunicativa e interacional supõe uma relação de interdependência, a influência que se exerce um ao outro, o que significa AÇÃO x
REAÇÃO.

"É um homem falando que
encontramos no mundo, um homem
falando a outro homem, e a
linguagem ensina a própria definição
de homem".

(E. Benveniste)

Nossa terceira aula

Na terceira aula dia 10 de abril, além da discussão do texto sobre letramento, lemos e trabalhamos o conceito de texto, presente no fascículo 1.
Texto é uma unidade significativa, um texto faz sentido. Faz mais que comunicar, é uma forma de agir entre os seres humanos. "... é uma forma de interação social e cultural, além de linguística".
A interação promovida pelo texto ocorre porque é feita entre sujeitos, definido como um ser social e histórico, condicionado por suas vinculações culturais e ideológicas.
Para que um texto faça sentido é importante observar duas características textuais básicas: a coesão e a coerência.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Letramento

"Excluem-se da escola os que não conseguem aprender, excluem-se do mercado de trabaho os que não têm capacidade técnica porque antes não aprenderam a ler, escrever e contar excluem-se, finalmente do exercício da cidadania esses mesmos cidadãos, porque não conhecem os valores morais e políticos que fundam a vida de uma sociedade livre, democrática e participativa" (Barreto, Vicente. A escola e sua função social) Extraí este trecho para reforçar o significado de letramento que diz respeito a prática social do conhecimento.

Durante a aula confrontamos o significado que assume, hoje, o termo alfabetização que "diz respeito ao indivíduo que somente aprendeu a ler e escrever" e o termo letramento que "é o que adquiriu o estado ou condição de quem se apossou da leitura e da escrita, e que responde de maneira satisfatória às demandas das práticas sociais".

A alfabetização tem por objetivo fundamental capacitar o aluno a ler e escrever sem se preocupar com o uso que fará desse conhecimento adquirido. "... não bata apenas o saber ler e escrever, necessário é saber fazer uso do ler e escrever, saber responder às exigências leiura e de escrita que a sociedade faz".

Entendo que o letramento está intimamente ligado com a forma como o homem se relaciona com seu mundo, o seu espaço na sociedade e sua capacidade de interagir.

sábado, 26 de julho de 2008

No primeiro dia do curso as nossas tutoras nos instigaram a pensar nos motivos que nos levaram a escolher essa profissão. Essa escolha pode ter sido fruto de vários fatores, influência da família, aspirações, acasos, conveniência, encantamento. Voltamos no tempo e recordamos
professores especiais que nos deixaram doces e fortes lembranças, que acreditavam no seu trabalho e tinham clareza da sua responsabilidade, do seu papel social. Não pretendo ser piegas, mas ser professor "é despertar 'futuros', é criar gente que pensa, aprende, faz, avalia e refaz tudo de novo, se for necessário." Ser um profissional é estar atento a sua formação, participar de cursos de capacitação e atualização, é conhecer novos recursos metodológicos, no nosso caso, educacionais.
A atividade inicial da nossa segunda aula foi a leitura do poema 'Procura da poesia', Carlos Drummond de Andrade, lido pela profª Tamar "Não faça versos sobre acontecimentos./Não há criação nem morte perante a poesia./Diante dela, a vida é um sol estático,/não aquece nem ilumina./As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. [...]"
Iniciamos, também, a discussão do fascículo 1 - Texto, linguagem e interação - especialmente na prática de análise de um texto que deverá ocorrer em três momentos. Uma primeira leitura visualizando o formato do texto, definido como o primeiro olhar. O segundo momento definido como segundo olhar que é análise das informações e afirmações contidas no texto e por último o terceiro olhar focalizando problemas de natureza gramatical.