domingo, 9 de novembro de 2008

Produções textuais - socialização

Dia 06 de novembro, compartilhada a leitura do conto 'A caolha', Júlia Lopes de Almeida. A descrição da personagem da caolha e da estrutura familiar é envolvente, provoca um sentimento de tristeza, resignação e de certa forma apresenta um determinismo, viúva, pobre, discriminada. A professora Lourbania leu para nós algumas produções dos seus alunos da 4ª série. A atividade proposta foi a criação do 'meu primeiro cordel'. Criativo e interessante o trabalho desenvolvido pela professora, tanto que a resposta positiva dessa atividade suscitou uma discussão a respeito da diminuição da leitura a medida que aluno vai avançando nas séries. Ela apresentou, ainda, contribuições muito ricas em relação à atividade de literatura, como a produção de um texto publicitário a respeito do livro, buscando o convencimento de outros leitores para a leitura da obra e uma outra produção em que o aluno expressa seus sentimentos ao ler um livro.
Um outro momento foi a socialização das atividades de produção de texto apresentadas pelas professoras Claudia e Ana Rita. No relato ficou evidenciada a importância do trabalho em conjunto das professoras (interdisciplinaridade).
O último momento da aula foi a análise dos elementos coesivos do texto 'Os urubus e os sabiás' , Rubem Alves.

sábado, 8 de novembro de 2008

Fatores de textualidade

Iniciamos a aula do dia 30 de outubro com a leitura da crônica "Receita da vida", Afonso Romano, lida pela professora Tamar. O que é um texto? Para ser texto, é necessário que seja algo que transmita um pensamento ou uma informação completa, o qual se concretiza através do discurso que pode ser verbal, oral ou escrito, e não-verbal, gestos, imagens ....
O texto é uma unidade de linguagem em uso, semântica e formal. E como uma ocorrência linguística falada ou escrita deve apresentar três propriedades básicas. A primeira é sua função sociocomunicativa, tais como as intenções do autor, o contexto sociocultural, a segunda propriedade é o fato de constituir-se como uma unidade semântica, em que o texto seja um todo significativo, ter coerência e a terceira propriedade é a sua unidade formal, as palavras se integram para formar um todo coeso.
Gostaría de ressaltar um fato importante a respeito da coerência textual que "é o de que ela não está no texto, mas se constrói a partir do texto. Lembremo-nos de que a construção do sentido vai envolver o autor, que detém experiências de vida e que criou o texto em determinada situação e com um propósito, e o leitor, que também possui experiências prévias e que vai viver a situaçaõ de receber o texto em situação e tempo diferentes dos da produção" (Fascículo 3, p.19).
Coerência, coesaõ, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade são fatores que definem a textualidade.
  • Coerência: responsável pela unidade semântica, pelo sentido do texto, envolvendo não só aspectos lógicos e semânticos, mas também cognitivos.
  • Coesão: unidade formal do texto, que se dá por mecanismos gramaticais e lexicais.
  • intencionalidade: empenho do autor em construir um texto coerente, coeso, e que atinja o objetivo que ele tem em mente. Isso diz respeito ao valor ilocutório, ou seja, o que o texto pretende falar.
  • aceitabilidade: é a expectativa do leitor de que o texto tenha coerência e coesão, além de ser útil e relevante. Grice (apud Costa Val. 1991) estabelece estratégias para o autor alcançar aceitabilidade: cooperação (para autor responder às necessidades do recebedor), qualidade (autencidade) e quantidade (informatividade).
  • situacionalidade: diz respeito à pertinência e à relevância do texto no contexto. Situar o texto é adequá-lo à situação sociocomunicativa.
  • informatividade: quanto menos previsível se apresentar o texto, mais informatividade. Tanto a falta quanto o excesso de previsibilidade, de informatividade, são prejudiciais à aceitação do texto por parte do leitor. Um bom índice de informatividade atende à suficiência de dados.
  • intertextualidade: concerne aos fatores que ligam a utilização de um texto dependente do conhecimento de outro(s) texto(s). Um texto constrói-se em cima do "já-dito".

Contexto

A produção e a recepção de um texto condicionam-se à situação ou à ambiência, ou seja, ao conhecimento circunstancial ou ambiental que motivam os signos e a ambiência em que se inserem, gerando um texto cuja coerência e unidade são sucitados diretamente pelo referente. Percebido em duas dimensões: - a leitura de superfície é percebida pelos elementos do enunciado, organizado hierarquicamente; e a estrutura de profundidade é a interpretação semântica das relações sintáticas, permitindo vasculhar o ânimo do autor.

Para melhor entendimento do valor do texto na prática pedagógica foi-nos apresentado um breve histórico da língua. Até os anos 70 privilegiava-se a estrutura, a unidade de análise era a morfologia/estrutural trabalhada isoladamente, fora de um contexto. Nos anos 80 estudava-se a língua numa perspectiva de comunicação e expressão, a unidade de análise era sentenças, sintaxe e nesse momento já se trabalhava textos. Hoje a língua é estudada numa visão interacionista, sociointeracionista, a unidade de análise é o texto/discurso imerso em um contexto, o que pressupõe um grau de letramento. Nesse contexto aparece a figura do professor-pesquisador.